O festival mais alternativo do mundo tem tudo para se tornar o evento mainstream da vez, recheado de brasileiros.

O Burning Man chama cada vez mais atenção.

Este post era pra ter sido escrito logo após o fim do festival, que aconteceu em Agosto, mas só agora em função do surgimento de uma lista de emails de Burners, que passou a pipocar na minha caixa de entrada que consegui enfim falar um pouco sobre este festival muitcholoko que acontece desde 1986 no meio do deserto de Nevada, nos EUA.

Neste ano, tive a vontade de ir lá conhecê-lo e ver de perto este festival tão diferente para tentar entendê-lo, mas acabou que não aconteceu. Mas como pra ir num festival desse tipo é preciso muita preparação, vim acompanhando e lendo sobre ele ao longo do tempo e acompanhei ‘de perto’ tudo o que rolou das suas duas últimas edições pra cá.

Descobri estes belos ensaios do pessoal do IHATEFLASH que esteve por lá nas edições 2013 e 2014. E dá pra ver o quão inusitado é este evento. Na segunda vez que foram lá, escreveram este interessante relato sobre o festival e as mudanças percebidas entre uma edição e a outra.

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Pra quem nunca ouviu falar dele, é um evento diferente de tudo o que você já possa ter visto. Só pra se ter uma ideia, nada se vende no local! Não existem patrocinadores, logomarcas de anunciantes e praças de alimentação. Você precisa trazer tudo o que irá usar para sobreviver aos 7 dias deste festival no deserto. Tem que trazer tudo, mas principalmente levar de volta. O Burning Man é como um disco voador que aterrisa e decola sem deixar nenhum rastro pra trás.

É com certeza uma doideira! Comparando as fotos do ano passado com as deste ano, vi que muitas das peças de arte foram reutilizadas e achei os veículos mutantes não tão criativos e impactantes como os dos outros anos. E até a escultura do ‘Burning Man’ que queima na noite de sábado, encerrando o evento, parecia estar em sua versão mais light.

Ao mesmo tempo, acho que o mundo está descobrindo cada vez mais este evento, incluindo aqui os brasileiros! E aí você já sabe, né?! Quando chegam os brasileiros….

A edição deste ano talvez tenha sido o último ano do festival ‘alternativo’. Talvez porquê mais gente passou a conhecê-lo, a proliferação de fotos e vídeos passou também a desvendar seus mistérios e obviamente por culpa da internet, o evento começa a deixar de ser um festival ‘muito alternativo’ para passar a se tornar um evento mais mainstream, mas se posicionando como um festival ainda mais hype que o Coachella.

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Com pretenções de expandir a ‘franquia’, já imagino uma primeira edição sul-americana no Deserto do Atacama! Já pensou?! Daí pra conquistar o Deserto de Gobi na China ou os Lençóis Maranhenses é um pulo!

O Burning Man já é um grande produto de entretenimento e provoca um grande impacto na economia das cidades no seu entorno e na Bay Area de San Francisco.

O Burning Man surgiu a partir de uma ideia: Larry Harvey desenhou uma linha na areia do deserto de Black Rock Desert e disse que a partir daquela marcação, tudo seria diferente. Veja a entrevista abaixo:

O evento cresceu e agora está se transformando na ‘Rave do Silicio’. Uma romaria ciberhippie (ou seria ciberhipster?) que invade o deserto a cada ano. Na edição deste ano aconteceu a primeira morte de sua história e sem dúvida é um momento para reavaliar o caminho a seguir.

Obviamente o evento tem o papel de promover uma viagem interna, um auto-conhecimento individual a todos os seus participantes que enfrentam o castigo do deserto com amor e êxtases. Segundo o próprio Larry Harvey, é um evento que tem como objetivo dar aos seus participantes: ‘autonomy, mastering e sense of purpose’.

Acredito que o clima de gratidão e de certo socialismo-budista com todo mundo ali querendo o bem, deve gerar sem dúvida uma energia diferente. Pode-se ter experiência boas ou ruins de acordo com o que você se permitir ali, mas o grande click do Burning Man é que ele vende uma ideia! A ideia de um mundo ideal, livre, a base do amor e da retribuição. Um mundo perfeito e ao mesmo tempo, muito louco. E o melhor de tudo é que parece que as pessoas estão cada vez mais interessadas em comprar isso! 🙂

Palmas para Larry Harvey!

Artigo publicado também no Medium

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